A Era das Madeirites
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O segundo episódio de 70 e Tal mostrou o que rolava na praia antes das primeiras madeirites aparecerem no Arpoador. Aqui você vai descobrir algumas curiosidades sobre essa prancha peso pesado que inaugurou o surfe nas ondas cariocas. Irencyr Beltrão (foto), fabricou uma especialmente para as filmagens do programa.
O surfe no Rio de Janeiro começou com tábuas de madeira planas e largas, as chamadas “portas de igreja”. Eram frágeis, quebravam com facilidade e ficavam ainda mais pesadas com a água que infiltrava na madeira. Foi em uma visita a uma serraria de lanchas na Ilha do Governador que Irencyr Beltrão, o primeiro shaper carioca, viu o potencial das chamadas “portas de igreja”. Ele percebeu que a partir de compensado naval, poderia encurvar a madeira, e transformá-las em pranchas mais resistentes a água.
Assim, começou a era das madeirites no Brasil. Irencyr abriu sua fábrica e apresentou um produto inovador: bico e rabeta arredondados e quilhas com borda de ataque e de fuga.
“Eu fazia pelo esporte, não queria ganhar dinheiro com isso. Fiz a primeira, depois a segunda, e a terceira. Como ninguém mais tinha prancha, no início eram só três para pegar onda”, lembra o shaper. Mas a produção não parou nas três primeiras. Com a demanda crescente na época, Irency Beltrão chegou a fabricar remessas de até 20 pranchas, espalhando as madeirites pelas areias do Rio.
Uma das pioneiras do surfe feminino, Maria Helena Beltrão, foi fisgada por Irencyr, com quem se casou aos 18 anos, lembra: “Era uma turma pequena, que ficava entre o Marimbás e o Arpoador, a turma da pesca-submarina que gostava de ficar na praia, umas 40 pessoas. Todas as pranchas eram compartilhadas. A meta de quem pegava onda no Arpoador era ficar em pé na prancha e ir o mais longe possível na diagonal.”
Em 1964, veio a revolução: o australiano Peter Troy chegou da Amazônia disposto a explorar as ondas brasileiras com um pranchão feito em espuma de poliuretano e laminado com fibra de vidro e resina de poliéster. Combalido por amebíase, foi acolhido pelo “Barrigua”, apelido do jovem Irencyr , cujo pai era médico. Durante sua estada, impressionou os cariocas com cavadas e hang fives e, de quebra, ensinou seu anfitrião e amigos a fazer uma prancha de surfe moderna.
Este ano, Irencyr voltou à marcenaria e criou uma prancha especialmente para as filmagens do 70 e Tal. Nas fotos abaixo, vemos Irency fabricando a madeirite utilizada pelos surfistas no programa. Patrícia Sodré, Chloé Calmon, Heliana Oliveira, Betinho Dias, Junior Faria e John Magrath foram alguns dos surfistas que experimentaram a réplica.
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