O Design do futuro

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Vivemos numa correria diária. O ritmo de vida nas cidades aumenta e só o que a gente escuta por aí é gente reclamando que falta tempo – para descansar, dormir, ficar com a família, ler um livro. Os dias parecem mais curtos, os meses voam e, quando menos percebemos, o ano virou.

A era pós-industrial criou o lema “Time Is Money”, que é levado ao pé da letra por muita gente até hoje. Quanto mais uma indústria produz em menos tempo, maior é o seu lucro, e assim a humanidade seguiu o seu curso durante uma boa parte da sua história. Fabricamos produtos baratos, descartáveis, exatamente iguais e, muitas vezes, de baixíssima qualidade.

A mais famosa crítica de Chaplin aos tempos modernos.

No fim dos anos 80, surgiu na Itália um novo jeito de pensar que ia contra esse estilo de vida criado pelos americanos e reproduzido pelo resto do mundo. O Slow Food, idealizado pelo jornalista e sociólogo Carlo Petrini, foi a primeira reação ao modelo que priorizava a velocidade em relação à qualidade. E o Slow Design seguiu o mesmo caminho.

Carlo Petrini, o fundador do Slow Food Org.

Refletir sobre aquilo que nos rodeia, levando em consideração a sustentabilidade, respeitando o tempo das coisas e pensando de forma multidisciplinar. O Slow Design propõe a qualidade em vez da quantidade, e a apreciação do produto que consumimos. Esse movimento se preocupa com a produção de objetos atemporais, únicos, e valoriza os produtores e as tradições locais.

Produção de seixos em madeira. Foto: Marla Rabelo

Voltando para o nosso mundinho Salgado, temos duas parceiras que escolheram seguir essa filosofia de trabalho mais simples e totalmente artesanal. Marla foi a nossa gerente de criação por um bom tempo e, depois de trabalhar anos com design gráfico, começou a fazer trabalhos manuais e produzir peças exclusivas.

Vaso de peroba. Foto: Marla Rabelo

Foi um processo natural de percepção do tempo e do trabalho em si.

Marla Rabelo

Vaso de peroba e pinus em produção. Foto: Marla Rabelo

Ela cria terrários, vasos torneados e xilotecas em pedra com diferentes tipos de madeira, reaproveitando materiais como móveis, podas de árvores das ruas e pisos de taco. Foi a artista que desenvolveu os troféus do último Prêmio Canal OFF 5 anos.

Troféus do Prêmio Canal OFF 5 anos, em janeiro de 2017.

Outra parceira é a Laura Sugimoto, que trocou a carreira de publicitária e designer para se dedicar à marca Wabi Sabi e criar terrários, mobiles e vasos feitos à mão, com elementos geométricos naturais. Em japonês, “wabi” quer dizer simplicidade, contato com a natureza e rusticidade; “sabi”, a impermanência da vida e a ação do ciclo do tempo.

Terrário na garrafa pet. Foto: Laura Sugimoto

É um estilo de vida que busca a sensibilidade das coisas e que, no meu caso, é transmitido através dos produtos que eu crio.

Laura Sugimoto

Laura no seu ambiente de trabalho.

Quebrar a rotina do consumismo nos torna mais saudáveis e menos nocivos ao meio ambiente. Se o mundo suplica por um modelo de sociedade mais sustentável, o Slow Design é o futuro do movimento criativo.

Tags: Arte, Design, Referência

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