O Rio do ponto de vista do Edu Biermann
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
O gaúcho Eduardo Biermann trocou Porto Alegre pelo Rio para seguir a carreira fazendo o que mais gosta: fotografar. Já adaptado ao ritmo de vida mais acelerado, ele sai pra pedalar no Aterro antes do dia clarear e, depois, atravessa a cidade explorando novos ângulos com suas lentes, da Zona Norte à Zona Sul. Vive trabalhando em diversos projetos Salgados para clientes como a Nike e a Corona. Batemos um papo com ele para conhecer mais sobre o seu trabalho e o seu estilo de vida e mergulhar nos seus arquivos e imagens preferidas.
Captar o futebol moleque na essência é uma das especialidades do Edu Biermann.
Como você se envolveu com a fotografia?
Em 2008, eu entrei para o curso de comunicação na ESPM de Porto Alegre. Logo depois, comecei a estagiar no Centro de Fotografia. Aprendi muito sobre conceitos básicos e técnicos com um professor muito bom que tive. Ele foi meu mestre na fotografia, um cara que veio da era analógica e viveu a transição para o digital. Fui tomando gosto e consegui evoluir bastante trabalhando lá.
Quais foram os seus primeiros trabalhos?
No começo, o que eu mais gostava era de fotografar shows. A cena de rock em Porto Alegre é bem forte e eu me envolvi bastante com a galera, fazia muita coisa pelas bandas gaúchas. Depois, fotografei para portais de notícias e tive acesso a grandes festivais, como o Planeta Atlântida e o Rock in Rio. Foi uma bagagem muito importante pra mim, trabalhei num ritmo intenso durante vários dias seguidos, tendo que produzir e entregar tudo bem rápido.
Alex Turner soltando a voz no último show do Arctic Monkeys no Rio. Foto: Edu Biermann
E hoje, o que você mais gosta de fotografar?
Cara, hoje é esporte. Gosto muito de captar o momento. Agora, eu tenho trabalhado muito com corrida porque cuido do Nike+ Run Club, que rola quase todo dia. Gostei muito do resultado do shooting de boxe que fiz para a Nike Rio, foi a primeira vez que fotografei esse esporte. No skate, já tive oportunidade de clicar o Bob Burnquist e fiz alguns shootings de BMX também.
Ciclista de BMX em pleno ar num dia de sol carioca, numa rua próxima à Pedra do Sal. Foto: Edu Biermann
Eu gosto de novos desafios porque consigo colocar um olhar limpo sobre temas com os quais nunca trabalhei antes.
Uma trilha de Mountain bike em algum lugar da Zona Oeste carioca. Foto: Edu Biermann
E essa sua história com a Nike começou como?
Um pouco antes de me formar, eu participei de um concurso chamado Nike Chance, que era uma peneira mundial de futebol em que 2 moleques eram selecionados para jogar na Europa. Em paralelo, eles também escolhiam fotógrafos de esporte pelo mundo afora. Eu acabei ganhando a etapa do sul, depois a do Rio, e fui parar em Barcelona. Lá, eu cobri a final mundial e fui o escolhido entre fotógrafos de vários outros países. Foi assim que começou a minha história com a Nike. Produzi algumas coisas para a Nike Futebol e a Nike Sportswear, e o material ficou bem massa porque misturava o lifestyle dos jogadores e a parte dos treinos e da performance.
Um dos cliques do Edu Biermann que foi parar no Instagram global da Nike.
A Batalha das Quadras e a Casa Fenomenal foram dois projetos gigantescos da Nike que eu pude cobrir. Depois, eu resolvi abrir o meu próprio negócio e viver de freela.
Peladeiros aquecendo para a final da Batalha das Quadras, na Casa Fenomenal da Nike. Foto: Edu Biermann
O que você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade?
Ah, tem muita coisa que eu ainda não fiz. Eu tenho muita vontade de fazer fotografia subaquática, por exemplo. Com a Nike, eu tenho tido muitas oportunidades de registrar novas modalidades e eu acho irado praticar o olhar com temas cada vez mais variados. É sempre um desafio.
Quem são suas maiores referências?
Acho que a minha referência principal é Bresson, porque eu gosto muito de momento. Ele é muito importante para o meu trabalho. Em retrato, a minha maior referência é Annie Leibovitz. A luz dela é muito foda, a tensão, o olhar. Tem muita gente pra citar, mas esses dois são os meus guias.
Você tem alguma foto preferida?
É difícil ter uma preferida, mas a da Nike no Cristo – que está até no livro do Grupo Sal – é a mais icônica, porque rodou o mundo inteiro.
Um treino do Nike+ Training Club nos braços do Cristo. Foto: Edu Biermann
O que você gosta de fazer, além de fotografar?
Eu adoro explorar a cidade e conhecer novos lugares, pedalando, fotografando e correndo. Gosto de acompanhar a galera das Running Crews cariocas, como a Brutal e a Guetto, que correm nas ruas do Centro e da Zona Norte, de dia e à noite. Não é só correr na Lagoa, que é muito bonita, mas o Rio de Janeiro é muito mais do que a Lagoa e a orla.
Qual é a relação entre esses esportes e a fotografia?
É preciso conhecer, viver e explorar a cidade para conseguir criar coisas autênticas. Porque se a gente fica sempre nas mesmas áreas, não consegue criar nada de novo. A gente precisa sair da zona de conforto. Só assim você consegue encontrar um espaço; lá não sei aonde, que tem uma luz legal. Senão, a foto não é autêntica. As pessoas me perguntam: “Quando você vai fotografar o pessoal correndo, como é que faz?”. Eu corro junto ou pedalo, mas também carrego peso. Preciso ser rápido e estar em forma para acompanhar a galera.
As running crews são um movimento espontâneo de jovens corredores que adoram misturar esporte com diversão. Foto: Edu Biermann
Conhecer a cidade é fundamental para poder criar coisas autênticas.
Depois do "corre", a galera se reúne para dançar e se divertir na rua. Foto: Edu Biermann
E como arrumar tempo pra fazer isso tudo?
Às vezes, o trabalho fica muito insano e eu não consigo conciliar os dois. Depois das Olimpíadas, consegui voltar à rotina de pedalar 3 vezes por semana e cuidar do corpo. Porque o trabalho é muito desgastante. Eu corro pra cima e pra baixo, carrego peso. Sofri bastante no início, mas hoje mantenho o meu preparo físico, e a bike é fundamental pra isso. Tento botar o esporte cada vez mais na minha vida, e o Rio me ajuda bastante. Quando eu morava em Porto Alegre, era difícil sair de casa com 4º C, vento e chuva.
Pra fechar: quais são seus projetos para o futuro?
Tenho muitas coisas na cabeça, mas ainda não posso revelar muito. São mais do que projetos de trabalho. Quero me empenhar em projetos de vida, mesmo. Em breve, vocês vão ficar sabendo das novidades.
Em meio ao caos urbano do Rio, a Floresta da Tijuca serve como fonte de ar puro para cariocas como a atleta e modelo Bellinha. Foto: Edu Biermann
Um ponto de vista que só os aventureiros mais corajosos têm da orla do Recreio à Grumari. Foto: Edu Biermann
Tags: Entrevista, Fotografia, Nike, Sal
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