15 anos, viva!

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Por Marcelus Viana | Fundador e VP de criação e design do Grupo Sal

Faz quase 18 anos que levamos alguns computadores e móveis para um apartamento de exatamente 84 metros quadrados na rua Maria Angélica, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Desde o princípio, nós éramos um grupo, mas o nome ainda não era Sal. Nesse apartamento, os projetos de design, vídeo e comunicação que a gente fazia levavam o nome de duas empresas minúsculas, batizadas de Mar Design e Mellin Videos.

Nos primeiros anos, o cobertor era curto, e alguns de nós acumulávamos jornadas duplas de trabalho para manter as contas em dia, enquanto os mais novos usufruíam do conforto e do baixo custo da casa dos pais para ganhar fôlego. A gente vivia trabalhando, mesmo, e atravessava madrugadas de trabalho com uma frequência absurda. O curioso é que, revendo hoje as fotos e vídeos dessa época, dá para perceber um detalhe importante: a gente se divertia no processo e conseguia misturar dever e prazer. Desde o princípio, esse prazer de fazer e aprender, com as próprias mãos, foi tão importante quanto o resultado de cada projeto.

Alguns acontecimentos alimentaram o sonho do crescimento: no primeiro ano de vida, nós ganhamos a conta de branding e comunicação da Domino’s no Brasil. Em 2006, um projeto da Mellin Videos com o jornalista e diretor Bruno Natal para a gravadora Biscoito Fino foi parar na capa da Revista de Domingo. Feito com o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, o documentário Carioca conseguiu, de forma bem simples, capturar a intimidade do processo criativo do artista. No ano seguinte, a mudança foi grande: trocamos o apê no Jardim Botânico por uma casa com vista para o mar de São Conrado. A oferta generosa partiu de um amigo e incentivador da nossa jornada, o advogado-faixa-preta Fábio Campos Mello.

A casa foi um presente inacreditável. A gente vivia lá, literalmente: almoços, jantares, aniversários, Réveillon e até casamento! Foi assim que começamos a fazer todas as refeições sem sair de casa. Essa convivência intensa com muito trabalho foi exponencial para o grupo – nos primeiros meses na casa nova, entregamos dezenas de campanhas, comerciais e vídeos. O ano foi tão bom que, em 2007, nós lançamos, oficialmente, o site, o livro e a marca Grupo Sal.

A coisa toda ganhou ritmo e acelerou muito. Fizemos dezenas de trabalhos audiovisuais para a Rede Globo – novelas e séries –, colaboramos em três longa-metragens e produzimos a 1ª temporada de Nalu pelo Mundo, no Multishow. A Bela ainda era um bebê!

O diretor Guilherme Zattar gostou tanto do que viu que apostou alto: nos convidou para cuidar da comunicação do canal Multishow, sugeriu mais meia dúzia de programas e fez a encomenda do projeto X que se transformaria, em 2011, no Canal OFF.

Dias e noites de trabalho se transformavam em mais oportunidades e mais trabalho. Depois de uma visita surpreendente ao Joá, o diretor de marketing da Nike também gostou da conversa, adorou o ambiente de trabalho e nos convidou para cuidar da comunicação da Nike 6.0 no Brasil. Assim mesmo, sem concorrência nem nada.

Mesmo com longas jornadas de trabalho, a gente sempre dava um jeito de descer o morro, surfar em São Conrado e subir para almoçar e voltar ao batente. Foi assim, naturalmente, que o negócio cresceu. Se o mundo inteiro dizia para separar amizade de trabalho e trabalho de diversão, nós fizemos justamente o contrário. Essa teimosia inspirou a criação do nosso slogan: a gente vive trabalhando.

Em 2010, nos mudamos para outra casa no Joá; da reforma à ambientação, cada mesa, cada espaço, cada quadro foi pensado para comunicar a nossa identidade. Foi, também, o ano que marcou a entrada da Koca Machado na sociedade, assumindo o relacionamento com os clientes e a liderança comercial. O resultado veio rápido e nosso faturamento dobrou!

Trabalhávamos em ritmo de gincana: todo mês, surgia um projeto ou um desafio que nos estimulava a pensar, a nos adaptar, a trazer novos parceiros, a colaborar e a produzir na raça. Foi nesse ritmo que criamos e produzimos, em uma semana, o filme com o Cajú e Castanha que marcou o lançamento do Google Instant Search no Brasil.

Em 2012, nós criamos a identidade visual do TEDx Rio + 20, evento que celebrou os 20 anos da histórica Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a Rio 92, em frente ao mar de Copacabana. Também participamos da jornada da Copa do Mundo no Brasil, criando e produzindo histórias incríveis com a Nike, e, para completar a correria, colaboramos criativamente nas cerimônias de abertura e de encerramento dos jogos paralímpicos 2016.

Longe das quadras, nós produzimos o 70 e tal e o 80 e tal, series que celebraram os feitos, fatos, causos e personagens da geração de surfistas, artistas e simpatizantes que salgaram o caldo cultural da época e influenciou o comportamento e o estilo de vida à beira mar no Brasil.

Na jornada de colaborações e trabalho criativo com o Canal OFF, filmamos centenas de programas, campanhas e vídeos, e viajamos pelos quatro oceanos – Havaí, Indonésia, América Central, África e Austrália. No Rio e em São Paulo, criamos campanhas, fotos, vídeos, revistas, eventos, filmes e até um livro para celebrar nossos 10 anos de vida.

O ritmo foi tão intenso que só no décimo ano, em 2017, nós paramos para reorganizar a casa e olhar com atenção para as pessoas que tinham construído essa história com a gente. O crescimento rápido e acelerado também produziu atrito e deixou algumas marcas. Nós abrimos um espaço importante para refletirmos sobre o significado, os princípios e o propósito da nossa jornada. Essa reflexão nos ajudou a revisitar os conteúdos da nossa estratégia de marca e consolidar o que hoje chamamos de “Cultura Salgada” – uma visão compartilhada que inclui um conjunto de princípios, crenças e valores que são capazes de inspirar e orientar as nossas relações e garantir a evolução das pessoas que trabalham no Sal e com o Sal.

Esse foi, também, o momento que marcou a nossa intensa colaboração com a Thymus e o trabalho estratégico de branding e cultura de marca. O aprendizado de uma nova metodologia de trabalho que se dedica a revelar a visão de mundo das marcas, organizar esses conteúdos e traduzi-los em estratégia e linguagem encontrou um terreno fértil no Grupo Sal. Afinal, a gente acumulou mais de 10 anos de experiência cuidando da linguagem de marcas como Nike, Google, Tedx, Domino’s, Canal OFF, Gurumê, Waze Carpool e Corona no Brasil. Foi quando nós investimos na venda dos projetos de branding e linguagem de marca.

A mistura complementar de serviços de branding, comunicação, conteúdo de marca e entretenimento nos permitiu trabalhar com dezenas de marcas em praticamente todos os segmentos de mercado. Nós já criamos marcas que nasceram fazendo sucesso, como o restaurante Gurumê, e já ajudamos marcas com mais de 35 e 50 anos de vida a se reposicionar no mercado, como aconteceu com a Rider (calçados), com a Vicunha (indústria têxtil) e com a Unimed (sistema de saúde complementar). Nós também criamos diversos conteúdos e experiências para a celebração dos 50 anos da Nike, em 2022, em São Paulo.

É impossível resumir tantos projetos e relembrar a quantidade monumental de momentos felizes e dificuldades superadas. Tampouco vale a pena entrar no mérito dos percalços e absurdos reservados a quem empreende no Brasil, todos sabemos quais são. Mas é muito bom lembrar que o que nos trouxe até aqui foi o trabalho, ou melhor, a nossa ética de trabalho – o jeito que a gente transforma o que acredita em serviço, criação e produção.

Centenas de pessoas ajudaram a construir essa história. Hoje, vivemos uma transição, em que Salgadas e Salgados que colaboraram e fizeram acontecer assumem a liderança das unidades de negócio para evoluir a nossa cultura e o nosso jeito de fazer: nossa unidade de Branding é liderada pela designer Ana Correia e a unidade de comunicação, pela dupla de diretores Cláudio Arruda e Rodrigo “ROD” Abranches, todos com mais de 12 anos de casa. E por falar em casa, estamos de endereço novo, um lugar especial, com um quintal que dá direto na Mata Atlântica, serpenteados pelo Rio dos Macacos, bem embaixo do suvaco do Cristo, no Jardim Botânico.

Tivemos sorte? Com certeza! Ajuda? De muitos e de muitas formas. Mas o que a gente realmente sempre teve e ainda tem de sobra é vontade: vontade de fazer, vontade de aprender, vontade de evoluir e vontade de construir a nossa própria história.

15 anos de vida, um bom momento para crescer e evoluir!

Voltar para o blog

Pitadas mensais de criatividade e bom humor para incluir na caixola. Não perca!