Mr. Hynd e a F-F-F-F (Far Field Free Fiction)
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Surfando sem quilhas, aos 59 anos de idade e cego de um olho, o surfista australiano Derek Hynd descobriu a sua própria fonte da juventude. Chamado carinhosamente pelos amigos de “Caolho”, o senhor Hynd é economista de formação e foi surfista profissional, jornalista e criador e produtor de diversos projetos, artigos, filmes, exposições e campanhas sobre surfe.
Depois de uma entrevista informal, lá em 2011, o surfista e jornalista Julio Adler concluiu que a segunda arte de Hynd – depois do surfe, é claro – é a da provocação. E melhor ainda: que Hynd usa bastante o surfe como uma forma de provocação.
Isso explica porque Derek foi um dos responsáveis pelo movimento retrô no surfe ao resgatar as Fishes e Singlefins nos anos 1990 e seguiu adiante ao criar o FFFF – Far Field Free Friction -, movimento do surfe com pranchas sem quilha, no final dos anos 2000.
Fonte: freundevonfreunden.com
Foto: Van Gysen
Sem quilhas, a velocidade é muito maior. O prazer também.
Foto: Steve Sherman
Hynd nasceu em 1957 e cresceu nos subúrbios de Sydney, mas começou a surfar quando se mudou para Newport, aos 11 anos de idade. O australiano sempre teve uma inteligência e energia incomuns. Conseguiu se formar em economia na Universidade de Sydney em 1978 e juntar-se ao circuito profissional no ano seguinte.
Rapidamente, pulou para o 12º lugar do ranking em 1980, ano em que foi atingido por sua prancha durante um campeonato e ficou cego do olho esquerdo. Mesmo assim, Derek surpreendeu a todos terminando a temporada de 1981 em 7º lugar. Na temporada seguinte, ele caiu para a 20º posição, e aos 25 anos se aposentou definitivamente do circuito mundial.
Começou a escrever para a revista australiana Surfing World em 1978 e emendou uma série de publicações para a Tracks e para a Surfer. Seus textos sempre foram espirituosos, obscuros, atrevidos e mórbidos. Derek Hynd escreveu muitos perfis e matérias sobre viagens, mas é lembrado por sua cobertura única do circuito mundial, em particular por suas análises anuais para a Surfer sobre os 30 surfistas mais bem classificados do ano. Inaugurado em 1987 como “The New ASP Top 30”, o artigo de Hynd incluía as classificações de cada surfista nos últimos três anos, um pequeno e crítico resumo sobre o desempenho na temporada anterior e previsões pessoais curtas e grossas para as chances de cada surfista de conquistar um título mundial: geralmente, “nenhuma chance”; ocasionalmente, “possibilidade fraca”, “possibilidade” ou, ainda mais raramente, “definitivo”. As previsões de Hynd eram geralmente precisas, mas ele também errava. No final da temporada de 1988, ele classificou o surfista sul-africano Martin Potter com o selo “nenhuma chance” para 1989. No ano seguinte, teve que ouvir Pottz destilar toda a sua raiva em diversas entrevistas, sempre com muito sarcasmo e com o caneco nas mãos.
Hynd também trabalhou como treinador de surfe profissional de 1984 a 1988, com surfistas do calibre do australiano e futuro campeão mundial Mark Occhilupo.
Em 1992, ele criou e desenvolveu a plataforma “The Search”, uma campanha de marketing de longa duração para a Rip Curl que desbravou e apresentou locais de surfe exóticos, tendo como personagem principal o tricampeão mundial Tom Curren. Os filmes e a parceria com o diretor Sonny Miller transformaram Curren em um ídolo quase mitológico. O tema influenciou marcas em todo o mundo e se renova anualmente como campanha da marca até hoje.
Derek Hynd em 1980. Foto: Hugh McLeod
A caminho da sua sexta infância, Derek Hynd continua influenciando profissionais aposentados, hipsters deslumbrados, doidões fissurados, jornalistas curiosos, shapers atentos e mais centenas de surfistas ao redor do mundo.
Fonte: Encyclopedia of Surfing.
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