Do Sertão, na Quebrada, para o mundo.
Mocotó
Em 1973, nascia a primeira Casa do Norte Irmãos Almeida, empreendimento da família que migrou de Mulungu, no sertão pernambucano, e passou a abastecer a periferia de São Paulo com favas, charques, farinhas, rapaduras e balaios. Lá, seu Zé Almeida servia um caldo de mocotó que rapidamente ganhou notoriedade entre migrantes e paulistanos.
Décadas mais tarde, pelas mãos do filho do seu Zé, o chef Rodrigo Oliveira, o Mocotó transformaria a nova gastronomia brasileira, ao celebrar os ingredientes e as tradições originais da culinária do sertão nordestino com as melhores técnicas e tecnologias da culinária mundial. Ao acolher pessoas de diversas origens, classes e ocupações na quebrada paulistana, o Mocotó reúne, revela e serve o sabor do Brasil à mesa.
Foi na Vila Medeiros que começamos o processo de consolidação da estratégia da marca Mocotó. A raiz, o propósito, o jeito, os valores, os atributos e as inspirações da marca foram revelados e saboreados entre chips de mandiocas, dadinhos de tapioca, torresminhos e muitas limonadas-da-quebrada.
Se o movimento Mangue Beat usou a síntese da “parabólica enfiada na lama” para revolucionar a estagnação cultural vivida em Recife no início da década de 1990, o Mocotó se apropria da frase do artista Luciano Suassuna, “Onde a terra é mais seca, as raízes são mais profundas”, para reestabelecer, na quebrada da Vila Medeiros, um verdadeiro balaio cultural do país, ao preparar e servir a sabedoria, os ingredientes, a gentileza, as cores, o humor, os sabores e os valores originais do Brasil.
Não é de hoje que a ética de quem criou e faz o Mocotó se transforma na sua estética. O exercício diário de identidade é a essência do trabalho do chef Rodrigo Oliveira, que, muitas vezes, mistura mais de 20 ingredientes para criar as texturas, as cores e os sabores servidos em cada prato do restaurante. Todos preparados com a excelência das melhores técnicas, no melhor forno e sempre na panela ideal, equilibrando artesanalmente cada detalhe com maestria e alegria.
Nosso desafio, então, não foi criar, mas traduzir essa cultura em uma linguagem própria. Assimilar as cores dos ingredientes e do ambiente, moldar as formas, manipular as tipografias e combinar todos os elementos da linguagem para materializar esse jeito único de pensar e agir no mundo – transformar a proposta de valor da marca Mocotó na sua linguagem.
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O entendimento dos nossos valores como ferramenta de gestão foi decisivo para o Mocotó enfrentar a realidade que a pandemia impôs ao nosso setor. Hoje, somos um restaurante melhor, conduzido por pessoas melhores.
O trabalho foi organizado em sistemas visuais e diretrizes práticas, que revelam o significado do uso das cores, das famílias tipográficas, da direção de arte e das novas expressões do logotipo Mocotó. Essa identidade visual, combinada com as editorias e o tom de voz da marca – seu repertório de assuntos e a sua identidade verbal –, inspiram e orientam a prática de uma linguagem própria, a linguagem Mocotó.
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No início, pensei que o trabalho seria apenas uma orientação visual da comunicação, mas foi muito mais que isso. O direcionamento claro para criar e decidir facilita o nosso trabalho no dia a dia e revela a nossa essência.
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